sábado, 28 de abril de 2012

Especial esclarece conceitos fundamentais na criação dos filhos


Bronca, limites, rotina, escola, brincadeiras: Educação de A a Z tem tudo que os pais precisam saber sobre estes e outros temas.
Como impor limites às crianças? O uso da palmada é válido? Como agir ao dar bronca? Fazer elogios demais estraga? Como criar um filho único? Todos os dias, pais e mães se deparam com estas questões - e muitas outras - na aventura de educar seus filhos.
Pensando nisso, reunimos as dúvidas mais comuns da educação das crianças para respondê-las no especial Educação de A a Z.
Além de entender a importância da rotina, aprender a tirar dúvidas sobre sexualidade e se livrar da tendência à superproteção, pais e mães encontram aqui dicas para lidar com a competição entre irmãos, criar tempo de qualidade e muito mais.
Autoridade
Papel principal dos pais, autoridade é ser firme, mas sem autoritarismo
Agir com autoridade é o papel principal dos pais na educação dos filhos. Até os sete anos de idade, a personalidade da criança continua em formação, e os pais são responsáveis por dar a primeira referência de respeito que ela levará para a vida adulta.
Na prática, os pais exercem sua autoridade quando agem com convicção e firmeza, mas sem autoritarismo, sem bater ou descarregar o estresse e o mau humor nos filhos.
As crianças fazem birra, insistem e testam os limites dos pais. É natural, mas é preciso ter em mente que você é o parceiro mais experiente da relação e faz parte da educação colocar regras, impor limites e orientar os filhos sobre como se comportar.
Brincar
Brincar é fundamental no desenvolvimento, pois permite à criança experimentar o mundo e criar
Brincar é extremamente importante para o desenvolvimento da criança, sendo uma das mais importantes vias de comunicação e expressão que ela tem. Quando a menina finge ser professora ou o menino encarna o papel de um super-herói, na verdade, eles estão experimentando como é “ser” o outro. Isso contribui – e muito – para as relações com o mundo.
Além da socialização, outra vantagem da brincadeira é que ela também é precursora da criatividade. A criança que brinca aprende mais, pois explora as coisas, cria e investiga sobre algo que ainda não conhece muito bem.
A participação dos pais é essencial, pois é com eles que a criança aprende a brincar. E não precisa ser uma brincadeira muito elaborada. Basta interagir com os filhos, ensinar como jogar a bola e fazer o gol, por exemplo.
“É preciso se relacionar com a criança de maneira lúdica, engraçada, conversar, dançar”, aconselha a pedagoga Irene Maluf, especialista em psicopedagogia. Também é importante não querer impor a realidade o tempo todo. Até os oito anos de idade, pode-se deixar a fantasia tomar conta das brincadeiras.
Bronca
Repreenda a criança em particular e explique claramente qual o problema
A hora de dar bronca pode ser um tormento para alguns pais. Como chamar a atenção do filho de forma adequada e construtiva? A psicóloga Cássia Franco, especialista em família, ensina o passo número 1: ao repreender seu filho, critique apenas um determinado comportamento e não a identidade dele como um todo.
Se, por exemplo, a criança foi mal em uma prova porque ficou muito tempo jogando videogame e não estudou o suficiente, chame-a para uma conversa – nunca na frente de outras pessoas – diga que ela teve uma conduta inadequada, explique como ela deveria ter agido e mostre as consequências do ato.
Jamais inicie o diálogo com gritos ou xingamentos. O xingamento repetido várias vezes acaba sendo “incorporado” pela criança, criando rótulos que não contribuem para o desenvolvimento e a formação da personalidade dela. O melhor jeito de corrigir uma atitude errada é explicar e mostrar para a criança qual é o jeito certo de fazer as coisas.
Castigo
Existem duas definições de castigo: a punição física e a que se refere ao estabelecimento de limites com o “cantinho da disciplina”
Para os especialistas, o castigo físico não é o melhor método para educar ou transmitir valores e regras de comportamento aos filhos. “Não deve haver castigo e, sim, disciplina. Parecem a mesma coisa, mas são opostos. O castigo machuca, física e emocionalmente”, afirma a educadora Cris Poli, do programa “Supernanny”, do SBT.
Para disciplinar os filhos, é preciso estabelecer regras, corrigir o que está errado e ensinar a conduta adequada, com tranquilidade e segurança. Deve-se mostrar à criança as consequências dos atos dela, em vez de criar uma punição que nem sempre será associada, pela criança, ao erro.
Por exemplo, se ficou combinado que o período da tarde seria dedicado aos estudos e o filho estiver brincando com um amigo neste horário, é preciso adverti-lo, dizer que ele não agiu certo e que precisa cumprir com as obrigações. No final de semana, em vez de tempo livre, ele terá de estudar.
Se, ainda assim, a criança continuar a quebrar as regras, vale adotar o “cantinho da disciplina”. Em um lugar mais isolado da casa, ela deve permanecer refletindo sobre sua atitude inadequada por um tempo – a conta é marcar um minuto por ano de idade. É importante que a criança permaneça no cantinho durante todo o período estabelecido, mesmo se estiver gritando ou chorando.
Ao aplicar a disciplina não perca a calma, não se irrite, não grite ou ameace. Lembre-se que a missão dos pais não é castigar, mas ensinar. O filho é, antes de tudo, um aprendiz.
Consumismo infantil
Postura dos pais é primeiro exemplo para o consumismo das crianças
Basta ver a propaganda de uma boneca que fala ou de um carrinho que se transforma em robô para “chover” o tão conhecido pedido: “mãe, compra pra mim?”. As solicitações dos filhos chegam a todo momento e cabe aos pais não só avaliar a real necessidade das coisas, como também mostrar às crianças como é importante consumir com consciência.
“Suprir necessidades é mais importante que suprir vontades”, define Ceneide Cerveny, psicoterapeuta familiar. Ela explica que ficar algumas horas brincando com os filhos é muito melhor para eles do que dar o brinquedo que tanto querem e que daqui a alguns dias (ou horas) já estará esquecido no armário.
De nada adianta, porém, pregar educação financeira aos filhos se os próprios pais adotam um modelo consumista no dia a dia. Vale lembrar que os pequenos geralmente “copiam” as atitudes dos pais. Portanto, adultos compulsivos por compras tendem a ensinar este comportamento às crianças.
Escola
Método de ensino, proximidade de casa e crença nos mesmos princípios determinam a escolha da escola
O primeiro dia de aula é uma experiência inesquecível para muitas crianças e também para muitos pais. Alguns sofrem muito com a “separação” momentânea dos filhos e desabam a chorar na porta do colégio mesmo. Segure a onda: é importante mostrar para eles, desde bebês, que a escola é algo positivo para o desenvolvimento e socialização. Por isso, os pais devem estar seguros quanto à escolha da instituição e a necessidade da criança de frequentá-la, para transmitir esta convicção aos pequenos.
Ao escolher uma escola para os filhos, muitos pais priorizam o método de ensino como fator principal para decisão. Mas também é preciso levar em conta questões práticas, como preço e facilidade de acesso ao local, que irão influenciar diretamente no dia a dia da família. Se necessário, busque opinião de outros pais, converse com orientadores educacionais e pesquise sobre a instituição na internet.
Independência
Não subestime as capacidades da criança
Incentivar a independência das crianças significa ajudá-las a se tornarem adolescentes e adultos mais seguros e confiantes. Para que isso aconteça, os pais não devem subestimar a capacidade dos filhos em fazer as coisas sozinhos, mas sim orientá-los a ter responsabilidade, dando limites e transmitindo valores aos pequenos.
Quando bebê, a criança é totalmente dependente dos pais. À medida em que cresce, ela deve aprender a realizar certas tarefas sozinha, de acordo com sua idade e suas possibilidades.
Pode-se começar com coisas pequenas, deixando o filho se trocar sozinho, tentar amarrar o sapato ou aprender a usar os talheres. Em seguida, conforme for crescendo, deixá-lo ir sozinho a uma festinha ou permitir que vá à padaria, por exemplo, são boas iniciativas.
Embora a violência nos centros urbanos torne difícil permitir que as crianças saiam sozinhas de casa, os pais devem ter em mente que colocá-las em uma redoma não vai prepará-las para enfrentar os perigos. O importante é instruir os filhos sobre as precauções necessárias para evitar que algo ruim aconteça a eles, seja na rua ou dentro de casa.
Por fim, verifique se a filosofia da escola tem a ver com a filosofia da família. Não adianta nada a criança estudar em uma escola alternativa, com merenda orgânica, se no final de semana é tradição da família comer pizza. Ou estudar em uma escola rígida, se em casa a educação dada pelos pais é mais liberal.
As atividades escolares continuam em casa, na tarefa. Ajudar na lição é válido, mas não se pode fazer a atividade pela criança ou pensar por ela. Estimule o raciocínio e as ideias, pergunte a opinião dela em tudo e apenas instrua, para que ela mesma tome a decisão ou resolva a questão por conta própria.
Limites
Nem sempre é agradável impô-los, mas crianças precisas de limites e é papel dos pais estabelecê-los
Castigo físico é coisa do passado, mas “tempo para pensar” funciona
Embora seja um processo que encontra maior ou menor resistência das crianças, dar limites é um processo fundamental para a educação. Educar é ensinar a conviver bem em sociedade. Por isso, os pais precisam estabelecer regras a serem cumpridas dentro e fora de casa – inclusive quando estão com os avós.
Para as crianças, ter horários certos para comer, dormir, brincar e estudar traz segurança. Igualmente importante é supervisionar o que elas fazem em frente à TV ou na internet e orientá-las a agir com responsabilidade e educação.
Muitos pais têm medo de impor limites aos filhos, temendo chateá-los ou serem vistos como antiquados. Mas é um erro. “Criança precisa de limites. Eles dão segurança e demonstram o carinho e a preocupação dos pais para com ela. É uma demonstração de amor”, explica a educadora Cris Poli, do programa “Supernanny”, do SBT.
Palmadas
Violência nunca é válida na educação das crianças
Qual o pai ou a mãe que nunca ficou nervoso diante de uma malcriação ou birra do filho? Muitos querem “corrigir” o problema com a chamada “palmada educativa”. Especialistas, no entanto, defendem que bater nunca é educativo.
“A palmada acontece porque os pais não conseguiram conter os filhos com outros métodos”, diz psicanalista Audrey Setton Lopes de Souza, professora da Faculdade de Psicologia da USP.
Para ela, é preciso dialogar com as crianças e usar outros recursos, sem violência. Pode-se conversar, explicar porque aquilo é errado e, se necessário, até mesmo sair de cena na hora que estiver muito irritado para não “perder a cabeça” e agir por impulso. “O primeiro movimento geralmente é explosivo. Mas, se está bravo, não precisa bater, pois isso não resolverá os problemas”, defende a psicanalista.
O melhor jeito de educar é impor disciplina e estabelecer regras a serem cumpridas, dizendo “não” quando necessário e explicando porque tal comportamento não é aceitável.
Valores
Poder do exemplo é muito maior que o da palavra ao transmitir valores
Cada família tem suas próprias crenças e valores. Para transmiti-los às crianças, os exemplos funcionam muito melhor que as regras. Por isso, de nada adianta ensinar ao filho que não se deve mentir se a própria mãe pede para que ele diga que ela não está quando alguém indesejado telefona.
A observação das crianças com relação às atitudes dos pais é muito mais valiosa do que qualquer palavra. Portanto, ensine coisas positivas por meio do próprio exemplo.
Já na adolescência, é comum que os jovens comecem a questionar alguns valores transmitidos pelos pais, pois a socialização os leva a conhecer – e comparar – outros modelos de família. “Por que na casa do vizinho, o menino de 15 anos pode beber cerveja e eu não?”. Quando este tipo de pergunta chegar, cabe aos pais explicar – e mostrar pelo exemplo – o que é melhor de acordo com suas crenças.